Campos Altos/MG
12h29 06 Setembro 2022

''Bicentenário da Independência: um chamado ao futuro'', leia a coluna do Doutor André de Paiva Toledo

Por André de Paiva Toledo

Neste 7 de setembro, nós, brasileiros, comemoramos o bicentenário da Independência. É uma data fundamental, pois representa o momento em que surgiu o Estado brasileiro como tal. Até então e por séculos, vivíamos sob a colonização de Portugal, que impunha aqui a sua Lei pela força. Neste período, ocorreram diversas revoltas contra a ordem colonial. Porém, nenhuma delas foi suficiente para romper os vínculos de submissão que nos mantinham atados à Metrópole. 

Aqui em Minas Gerais, em 1789, influenciados pelos ideais iluministas, alguns brasileiros organizaram um levante contra Portugal. Contudo, outra vez, os colonizadores se impuseram, condenando a duras penas os envolvidos na conjuração mineira, sendo o símbolo maior deste movimento o Tiradentes, executado na forca, em 1792. 

Com as invasões napoleônicas na Europa, no início do século XIX, a corte portuguesa foge para o Brasil, fazendo do Rio de Janeiro a capital do império português a partir de 1808. A abertura dos portos ao comércio internacional e a transferência do governo metropolitano deram à colônia brasileira uma importância que não mais perderia.

Neste contexto, enquanto nossos vizinhos lutavam contra a Espanha por sua independência e as pretensões independentistas se alastravam pelo continente latino-americano, o governo colonial decidiu fazer do Brasil, em 1815, Reino Unido a Portugal, o que correspondeu, em tese, ao fim do período colonial brasileiro. Embora não fosse ainda soberano, pois unido a Portugal em um único Estado, o Brasil nunca mais seria uma colônia no sentido jurídico. Em termos econômicos, é outra história.  

Quando eclodiu por sua vez a Revolta Liberal, na cidade do Porto, a corte portuguesa – incluindo aí o rei D. João VI – foi levada pelas circunstâncias a retornar a Portugal em 1821. Sentindo a ameaça do retorno à condição de colônia, inicia-se o processo de independência do Brasil, que culminará na coroação de D. Pedro I em 1822. Nascido em Portugal e filho de D. João VI, D. Pedro I se tornaria rei de Portugal em 1826, recebendo por lá o nome de D. Pedro IV. 

As tentativas portuguesas de impedir a consolidação do Brasil como Estado não foram suficientes. Isso não significou, entretanto, que o rompimento com Portugal tenha correspondido a uma transformação da realidade brasileira. Ao contrário, o novo país caracterizou-se por uma continuidade do regime existente, pelo menos, desde 1815: regime monárquico, nobreza portuguesa no governo brasileiro, capital do país no Rio de Janeiro, economia baseada na exportação de matéria-prima para a indústria europeia, trabalho escravo como força motriz nacional. 

Foram necessários 66 anos após a Independência para que, enfim, fosse revogado o direito de manter pessoas escravizadas no Brasil. No fim do governo de D. Pedro II, na iminência da proclamação da República, milhares de brasileiros – que anos antes haviam lutado pelo Brasil na Guerra do Paraguai – conquistaram o direito de serem pessoas livres em seu país, o que é o mínimo existencial para qualquer ser humano.

Instaurada a República brasileira, a partir de 1889, os brasileiros seguem em frente, apesar dos enormes carências, desafios, sabotagens, contradições e dificuldades, buscando fazer do Brasil um país onde todos sejam felizes, sem discriminações. Cabe a nós, brasileiros de 2022, agir com prudência, ousadia e responsabilidade para que nossos filhos e netos possam viver num país cada vez mais acolhedor e justo. 
 

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